Segundo álbum da carreira de Chuck Berry e o primeiro a ser lançado oficialmente na Europa - uma prova de seu sucesso comercial. Esse disco tem alguns dos maiores clássicos da carreira do cantor e compositor. Duas delas são ícones absolutos que merecem estar em qualquer lista de melhores rocks de todos os tempos, são elas "Sweet Little Sixteen" que estouraria nas paradas assim que foi lançada e "Rock and Roll Music" que anos depois seria regravada pelos Beatles em seu disco "Beatles For Sale". Em tempos politicamente corretos em que vivemos uma letra como a de "Sweet Little Sixteen" certamente traria problemas para Berry, afinal imagine a paranoia que iria se formar ao se deparar com uma canção que falava de uma doce garota de dezesseis anos! Seria o caos em cima do pobre Chuck. Já "Rock and Roll Music" tem uma grande letra, algo bem típico de Chuck Berry pois ele usava de uma linguagem quase cinematográfica para passar seu recado. Obra Prima!
"One Dozen Berrys" faz parte da primeira fase da carreira do cantor. Por essa época ele ainda gravava seus álbuns em Chicago, sob supervisão dos próprios irmãos Chess (Leonard e Phil Chess) que dominavam todo o processo de gravação com mãos de ferro, algo que em pouco tempo os colocaria contra as ideias de Chuck Berry que não ficaria muito tempo no selo - ele saiu batendo a porta literalmente, dizendo que estava sendo roubado pelos donos da Chess na cara dura! De uma forma ou outra não há como negar que é um grande trabalho. Não importam muito as brigas de bastidores quando o ouvinte se delicia com esse repertório. Berry até procura inovar um pouco ao considerar gravar ousadias como "Rockin' at the Philharmonic", uma óbvia tirada de sarro dele para cima dos críticos do Rock ´n´ Roll que não paravam de qualificar as primeiras canções de rock como imbecis e destituídas de valor musical. O tempo, senhor de tudo, porém iria dar o devido reconhecimento para Berry e todos os pioneiros do rock uma vez que esse disco hoje é considerado um verdadeiro clássico! Nada mal...
Chuck Berry - One Dozen Berrys (1958)
Sweet Little Sixteen / Blue Feeling / La Jaunda / Rockin' at the Philharmonic / Oh Baby Doll / Guitar Boogie / Reelin' and Rockin / In-Go / Rock and Roll Music / How You've Changed / Low Feeling / It Don't Take But a Few Minutes.
Pablo Aluísio.
quarta-feira, 13 de agosto de 2025
sexta-feira, 8 de agosto de 2025
The Crickets - The “Chirping” Crickets
Esse foi o álbum de estréia dos Crickets, uma das mais influentes bandas de rock da história. Hoje em dia obviamente o líder dos Crickets, o genial Buddy Holly, é bem mais lembrado que seus companheiros. Sua morte foi muito triste, não apenas em relação a tragédia humana da perda da vida de um homem jovem, na flor da idade, que queria se casar com sua namoradinha de juventude para ir morar em Nova Iorque e respirar o cenário cultural da capital do mundo, como também pelo talentoso artista que se foi. Buddy começou a carreira cantando inocentes enredos de amor mas tinha grandes planos para o futuro. Queria compor canções mais bem trabalhadas, com ênfase se em ótimos arranjos orquestrais, algo que ainda teve tempo de fazer (para entender recomendo que se ouça suas últimas gravações para notar as mudanças que ele queria promover em sua musicalidade). Infelizmente ele morreu em um acidente de avião com dois outros artistas talentosos - entre eles o jovem Ritchie Valens de "La Bamba". A sua morte ficou conhecida como o dia em que o rock morreu.
Esse álbum foi lançado por Buddy em sua fase mais teen, vamos colocar assim, quando o que ele queria mesmo era chamar a atenção e fazer sucesso. Ao lado de seu grupo "Os Crickets" ele encarnava no palco o mesmo sentimento juvenil de seus fãs. O carinha de óculos, intelectual e boa pessoa, que só queria encontrar uma namoradinha para passear de mãos dadas com ela no cinema ou na lanchonete. O interessante é que Buddy se assumia como tal e passou para a história como o primeiro roqueiro a se apresentar de óculos, sem fazer concessões. Isso inspiraria John Lennon muitos anos depois a assumir seus problemas de visão, ao mandar a imagem pública de Beatle às favas, surgindo nas capas dos discos dos Beatles tal como ele era na vida real. Uma atitude que deixaria o velho Holly orgulhoso.
Os arranjos desse disco são, aliás, tão despojados quanto o próprio Holly foi em vida. Letra simples, que poderiam ter sido escritas por um colegial apaixonado e melodias com três ou apenas quatro notas no máximo, não mais do que isso, afinal estamos falando de um artista tipicamente da primeira geração do rock americano. Paul McCartney, que era fã de carteirinha de Holly, levaria muito de sua personalidade musical para os Beatles - eles inclusive gravaram a linda "Words of Love" no disco "Beatles For Sale". Os Crickets também apresentavam uma formação bem básica, com o baixista Joe Mauldin, o baterista Jerry Allison e na outra guitarra Niki Sullivan completando o quarteto. A seleção de repertório traz basicamente todas as grandes canções dessa fase de Buddy Holly que vivia um dos períodos mais criativos de sua (curta) vida. Enfim, precisa dizer mais alguma coisa? A sensibilidade de Buddy venceu o desafio do tempo e da sua própria morte, um roqueiro dos primórdios que certamente deixou muitas saudades em todos os fãs daquele tempo simplesmente mágico.
The Crickets - The “Chirping” Crickets (1957)
1. Oh, Boy!
2. Not Fade Away
3. You've Got Love
4. Maybe Baby
5. It's Too Late
6. Tell Me How
7. That'll Be the Day
8. I'm Looking for Someone to Love
9. An Empty Cup (And a Broken Date)
10. Send Me Some Lovin
11. Last Night
12. Rock Me My Baby
Pablo Aluísio.
Esse álbum foi lançado por Buddy em sua fase mais teen, vamos colocar assim, quando o que ele queria mesmo era chamar a atenção e fazer sucesso. Ao lado de seu grupo "Os Crickets" ele encarnava no palco o mesmo sentimento juvenil de seus fãs. O carinha de óculos, intelectual e boa pessoa, que só queria encontrar uma namoradinha para passear de mãos dadas com ela no cinema ou na lanchonete. O interessante é que Buddy se assumia como tal e passou para a história como o primeiro roqueiro a se apresentar de óculos, sem fazer concessões. Isso inspiraria John Lennon muitos anos depois a assumir seus problemas de visão, ao mandar a imagem pública de Beatle às favas, surgindo nas capas dos discos dos Beatles tal como ele era na vida real. Uma atitude que deixaria o velho Holly orgulhoso.
Os arranjos desse disco são, aliás, tão despojados quanto o próprio Holly foi em vida. Letra simples, que poderiam ter sido escritas por um colegial apaixonado e melodias com três ou apenas quatro notas no máximo, não mais do que isso, afinal estamos falando de um artista tipicamente da primeira geração do rock americano. Paul McCartney, que era fã de carteirinha de Holly, levaria muito de sua personalidade musical para os Beatles - eles inclusive gravaram a linda "Words of Love" no disco "Beatles For Sale". Os Crickets também apresentavam uma formação bem básica, com o baixista Joe Mauldin, o baterista Jerry Allison e na outra guitarra Niki Sullivan completando o quarteto. A seleção de repertório traz basicamente todas as grandes canções dessa fase de Buddy Holly que vivia um dos períodos mais criativos de sua (curta) vida. Enfim, precisa dizer mais alguma coisa? A sensibilidade de Buddy venceu o desafio do tempo e da sua própria morte, um roqueiro dos primórdios que certamente deixou muitas saudades em todos os fãs daquele tempo simplesmente mágico.
The Crickets - The “Chirping” Crickets (1957)
1. Oh, Boy!
2. Not Fade Away
3. You've Got Love
4. Maybe Baby
5. It's Too Late
6. Tell Me How
7. That'll Be the Day
8. I'm Looking for Someone to Love
9. An Empty Cup (And a Broken Date)
10. Send Me Some Lovin
11. Last Night
12. Rock Me My Baby
Pablo Aluísio.
terça-feira, 5 de agosto de 2025
Jerry Lee Lewis - Jerry Lee Lewis (1958)
Já que estamos falando nos últimos dias dos primeiros álbuns dos grandes pioneiros do rock vamos agora tratar desse “Jerry Lee Lewis” (1958). Aqui temos realmente uma raridade em mãos. O disco não foi lançado no Brasil na época, o que é bastante fácil de entender, uma vez que o álbum original era da Sun Records que não tinha nenhum representante em nosso país. Com todo o respeito ao enorme legado de Sam Phillips a verdade era que a Sun era realmente uma gravadora ao estilo “fundo de quintal”. É de se admirar inclusive que tenha bancado um álbum desses pois a especialidade da Sun era mesmo os singles, pequenos compactos com apenas duas músicas, que geralmente nem capa possuíam (pois isso era caro para a estrutura da empresa). Jerry Lee Lewis era o sonho de Sam em transformar seu selo em algo realmente grande, importante, pena que tudo tenha dado errado. Como a Sun era muito modesta a distribuição era precária e muitos exemplares do primeiro álbum de Lewis mal saíram do sul para o resto do país. No norte dos Estados Unidos, por exemplo, era quase impossível encontrar o álbum nas lojas. Mesmo em Nova Iorque havia poucas cópias à venda. Se era ruim de achar lá imagine no resto do mundo...
Curiosamente seu repertório também ignorava os maiores sucessos do artista no selo, o que não ajudou em nada em suas vendas. Apenas "High School Confidential" está presente. O disco abre com uma versão de "Don't Be Cruel" de Elvis Presley. Dizem inclusive que Elvis cedeu a faixa praticamente de graça para Sam Phillips, até porque o produtor não teria mesmo como pagar os direitos autorais de uma canção milionária como essa. Foi uma forma encontrada por Elvis em ser grato ao seu “descobridor”. Isso desmente também a velha lenda de que Elvis não gostava de Lewis e tinha medo dele ocupar seu lugar nas paradas. Outro artista da Sun que deu uma “mãozinha” para Jerry Lee Lewis em sua estréia foi Carl Perkins que cedeu sua canção “Matchbox” para o colega de gravadora. Entre os bons momentos desse álbum é interessante citar inicialmente a faixa “Crazy Arms” que considero uma das melhores versões da música já gravadas. Mostra muito bem o talento de Lewis na Country Music (gênero ao qual se dedicaria mais futuramente, com ótimos resultados). No mais vale ainda citar o clássico "When The Saints Go Marching In", uma óbvia tentativa de Sam Phillips em mostrar o ecletismo de Lewis e a sentimental e nostálgica "Jambalaya (On The Bayou)" que ganhou até versão em nosso país, virando grande sucesso nas rádios cariocas. No conjunto é um álbum gostoso de ouvir, bem gravado, com bom repertório. A lamentar apenas seu pouco impacto nas paradas uma vez que a Sun realmente não tinha boa estrutura para isso. De qualquer modo é certamente um disco histórico, trazendo um dos nomes mais influentes da primeira geração do rock americano, sem retoques, quase cru, mostrando todo o seu talento de “matador”. Jerry Lee Lewis é realmente um grande nome que infelizmente foi muito subestimado em sua vida. Não deixe de ouvir para entender bem esse ponto de vista.
Jerry Lee Lewis - Jerry Lee Lewis (1958)
Don't Be Cruel
Goodnight Irene
Put Me Down
It All Depends (On Who Will Buy The Wine)
Ubangi Stomp
Crazy Arms
Jambalaya (On The Bayou)
Fools Like Me
High School Confidential
When The Saints Go Marching In
Matchbox
It’ll Be Me.
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 1 de agosto de 2025
Nat King Cole - Unforgettable
Essa é uma daquelas músicas que fazem você se sentir feliz por estar vivo e ter a oportunidade de ouvi-la. Quando ouço melodias como essa fico muito entristecido de ver no que a música negra americana se tornou nos dias de hoje - um festival incrível de falta de talento, sensibilidade e romantismo. Aliás essas três qualidades fundamentais - talento, sensibilidade e romantismo - sobravam na pessoa de Nat King Cole! Que grande cantor! Aqui temos um exemplo do que talento aliado a fina técnica podem fazer por um artista. Cole cantava suavemente, delicadamente, o que lhe valeu o carinhoso apelido de "voz de veludo". Ao se ouvir gravações como essa quem pode discordar? Certamente muitos conhecem "Unforgettable" no dueto entre Cole e sua filha, algo que só foi possível graças às maravilhas da tecnologia moderna. Como sou um tradicionalista em termos musicais prefiro a versão crua, original, tal como chegou ao mercado em 1951. Aquilo senhoras e senhores é uma verdadeira obra prima em forma de notas musicais. Insuperável em todos os aspectos.
Também pudera, a canção foi produzida pelo gênio Nelson Riddle, que escreveu o arranjo com uma delicadeza ímpar. Para quem não se lembra ou não sabe, Riddle foi o grande parceiro musical de Frank Sinatra, estando por trás de todos os grandes álbuns da carreira do cantor. Era uma dupla perfeita, Sinatra no microfone e Nelson no controle, na sala de estúdio, lapidando tudo com uma sensibilidade fora do comum. A sofisticação e elegância que trazia para os discos do velho Blue Eyes, se repete aqui, em cada detalhe, em cada nuance da melodia. Irving Gordon, o famoso compositor nova iorquino negro, foi quem escreveu a música. Um veterano que chegou ao meio musical pelas mãos de ninguém menos do que Duke Ellington. Assim pare para analisar, temos aqui um trio de ouro por trás de "Unforgettable"! Com tantos talentos não poderia dar em outra coisa. Considero "Unforgettable", sem favor algum, uma das dez mais lindas canções da música norte-americana de todos os tempos. Simplesmente imortal!
Unforgettable (Irving Gordon) - Unforgettable, that's what you are / Unforgettable though near or far / Like a song of love that clings to me / How the thought of you does things to me / Never before has someone been more / Unforgettable in every way / And forever more, that's how you'll stay / That's why, darling, it's incredible / That someone so unforgettable / Thinks that I am unforgettable too / Unforgettable in every way / And forever more, that's how you'll stay / That's why, darling, it's incredible / That someone so unforgettable / Thinks that I am unforgettable too.
Pablo Aluísio.
Também pudera, a canção foi produzida pelo gênio Nelson Riddle, que escreveu o arranjo com uma delicadeza ímpar. Para quem não se lembra ou não sabe, Riddle foi o grande parceiro musical de Frank Sinatra, estando por trás de todos os grandes álbuns da carreira do cantor. Era uma dupla perfeita, Sinatra no microfone e Nelson no controle, na sala de estúdio, lapidando tudo com uma sensibilidade fora do comum. A sofisticação e elegância que trazia para os discos do velho Blue Eyes, se repete aqui, em cada detalhe, em cada nuance da melodia. Irving Gordon, o famoso compositor nova iorquino negro, foi quem escreveu a música. Um veterano que chegou ao meio musical pelas mãos de ninguém menos do que Duke Ellington. Assim pare para analisar, temos aqui um trio de ouro por trás de "Unforgettable"! Com tantos talentos não poderia dar em outra coisa. Considero "Unforgettable", sem favor algum, uma das dez mais lindas canções da música norte-americana de todos os tempos. Simplesmente imortal!
Unforgettable (Irving Gordon) - Unforgettable, that's what you are / Unforgettable though near or far / Like a song of love that clings to me / How the thought of you does things to me / Never before has someone been more / Unforgettable in every way / And forever more, that's how you'll stay / That's why, darling, it's incredible / That someone so unforgettable / Thinks that I am unforgettable too / Unforgettable in every way / And forever more, that's how you'll stay / That's why, darling, it's incredible / That someone so unforgettable / Thinks that I am unforgettable too.
Pablo Aluísio.
Frank Sinatra - Songs for Young Lovers
Esse foi o primeiro álbum de Sinatra na Capitol Records. Não era apenas uma mudança de gravadora, pois Sinatra havia deixado para trás um belo legado musical na Columbia. Era também uma mudança de ares importante para o cantor. Ele já não vinha se dando bem nos últimos anos na Columbia, por causa de brigas com certos executivos. Na Capitol haveria possibilidade dele recomeçar um novo caminho na sua carreira e foi justamente isso que aconteceu. Sinatra decidiu que iria basicamente gravar as músicas que apresentava no Cassino Sands em Las Vegas. O mesmo repertório, as mesmas músicas e a mesma orquestra que o acompanhava no palco. O tema das canções era geralmente o mesmo, o coração partido de jovens apaixonados. Então não foi mesmo muito complicado de se achar o título ideal para o álbum.
O disco acabou sendo comercialmente muito bem sucedido se tornando um dos mais vendidos naquele ano. Foi também um dos últimos em que Sinatra não precisou enfrentar a concorrência do rock, que estava prestes a explodir nas paradas musicais. A partir do surgimento da primeira geração do rock americano Sinatra iria enfrentar dificuldades para alcançar as primeiras posições dos mais vendidos. De qualquer forma é um grande trabalho. E como curiosidade final esse era o disco preferido de James Dean, conforme ele mesmo confessou em uma entrevista poucos dias antes de morrer. Quem diria, com sua imagem tão identificada ao rock, James Dean curtia mesmo um belo disco romântico do bom e velho Sinatra.
Frank Sinatra - Songs for Young Lovers (1954)
My Funny Valentine (Richard Rodgers, Lorenz Hart)
The Girl Next Door (Ralph Blane, Hugh Martin)
A Foggy Day (George Gershwin, Ira Gershwin)
Like Someone in Love (Jimmy Van Heusen, Johnny Burke)
I Get a Kick Out of You (Cole Porter)
Little Girl Blue (Rodgers, Hart)
They Can't Take That Away from Me (George Gershwin, Ira Gershwin)
Violets for Your Furs (Tom Adair, Matt Dennis)
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 25 de julho de 2025
Norah Jones - First Sessions
Alguns artistas já nascem prontos. Basta ouvir suas primeiras sessões de gravação para entender bem isso. Se tem dúvidas procure ouvir as primeiras gravações de alguns mitos da música no passado como, por exemplo, Elvis Presley ou The Beatles. Tirando a maior falta de experiência todos eles já se pareciam em quase tudo com o que um dia iriam se tornar. Elvis já era Elvis na Sun Records. O mesmo com os Beatles na Decca. Duvida? Basta ouvir. O mesmo se aplica aqui, tirando obviamente as devidas proporções, nesse primeiro EP (compacto duplo na definição da velha escola) da cantora Norah Jones. São apenas cinco faixas, mas Norah já é Norah. Engraçado que essas primeiras gravações conseguem ser extremamente superiores inclusive ao que ela vem apresentando ultimamente em seus CDs. A cantora está involuindo? Não necessariamente. Acredito que o grande problema para Norah nos dias atuais é a escolha errada de repertório. Ela tentou mudar nesses últimos tempos, o que vejo como um erro. Alguém precisa lembrar a ela a velha máxima de que "em time que se está ganhando não se mexe".
Pois bem. Nesses primeiros registros já temos uma amostra do talento de Norah Jones, algo que ficaria claro em seu primeiro álbum oficial - que venderia milhões e seria consagrado pela crítica e público. A seleção musical é das melhores, com Norah simplesmente perfeita. Quando ouvi pela primeira vez o CD há muitos anos, percebi já em primeira audição de forma imediata, o extremo bom gosto das faixas. Hoje em dia é algo raro - até mesmo entre colecionadores - adquirir a primeira edição do EP, isso porque foram produzidos apenas 10 mil cópias. Norah Jones praticamente bancou de forma independente sua estreia nos estúdios, os vendendo geralmente ao público que comparecia em seus primeiros concertos. Mais indie do que isso impossível. Na seleção alguns verdadeiros clássicos do repertório de Norah com destaque para "Don't Know Why" (que verdadeiramente amo de paixão) e "Lonestar" (baladinha country que me faz ainda ter esperanças no gênero). Em suma, um belo trabalho que demonstra acima de tudo que Norah já estava pronta desde os seus primeiros momentos dentro de um estúdio. Talento já nasce com o artista, não tem jeito.
Norah Jones - First Sessions (2001)
Don't Know Why
Come Away with Me
Something Is Calling
Turn Me
Lonestar
Peace
Pablo Aluísio.
Pois bem. Nesses primeiros registros já temos uma amostra do talento de Norah Jones, algo que ficaria claro em seu primeiro álbum oficial - que venderia milhões e seria consagrado pela crítica e público. A seleção musical é das melhores, com Norah simplesmente perfeita. Quando ouvi pela primeira vez o CD há muitos anos, percebi já em primeira audição de forma imediata, o extremo bom gosto das faixas. Hoje em dia é algo raro - até mesmo entre colecionadores - adquirir a primeira edição do EP, isso porque foram produzidos apenas 10 mil cópias. Norah Jones praticamente bancou de forma independente sua estreia nos estúdios, os vendendo geralmente ao público que comparecia em seus primeiros concertos. Mais indie do que isso impossível. Na seleção alguns verdadeiros clássicos do repertório de Norah com destaque para "Don't Know Why" (que verdadeiramente amo de paixão) e "Lonestar" (baladinha country que me faz ainda ter esperanças no gênero). Em suma, um belo trabalho que demonstra acima de tudo que Norah já estava pronta desde os seus primeiros momentos dentro de um estúdio. Talento já nasce com o artista, não tem jeito.
Norah Jones - First Sessions (2001)
Don't Know Why
Come Away with Me
Something Is Calling
Turn Me
Lonestar
Peace
Pablo Aluísio.
terça-feira, 22 de julho de 2025
Snow Patrol - Eyes Open
Em termos de arranjos vale também a menção de "Shut Your Eyes". O dedilhado atravessa toda a faixa. O refrão pegajoso não é unanimidade entre os críticos do rock britânico, mas está valendo, até porque o Snow Patrol sempre teve mesmo vocação para tocar nas rádios (pelo menos nas rádios inglesas, claro!). Isso ficou bem claro em "It's Beginning to Get to Me". Se bem que eles não deveriam exagerar tanto. Ficou óbvio demais. E essa caixinha de ninar que ouvimos em "You Could Be Happy"? Provavelmente seja feita para tocar para os seus filhos pequenos dormirem de noite. Para uma banda escocesa que não quer ser tão depressiva como o Travis vai soar tudo um pouco fora do lugar! A última grande faixa do álbum vem com "Headlights on Dark Roads". Suas linhas ansiosas e nervosinhas bateram muito bem com a proposta do grupo nesse CD.
Snow Patrol - Eyes Open (2006)
1. You're All I Have
2. Hands Open
3. Chasing Cars
4. Shut Your Eyes
5. It's Beginning to Get to Me
6. You Could Be Happy
7. Make This Go On Forever
8. Set the Fire to the Third Bar
9. Headlights on Dark Roads
10. Open Your Eyes
11. The Finish Line
Pablo Aluísio.
domingo, 20 de julho de 2025
Stereophonics - Word Gets Around

Words Get Around, seu álbum de estreia (o único que não chegou ao topo da parada britânica) traz uma coleção de belos momentos. A voz de bebum de pub de Kelly Jones se enquadra perfeitamente nas harmoniosas linhas das melhores canções do álbum: Traffic, Local Boy in The Photography e A Thousand Trees. Ao contrário do Oasis, que muitas vezes prefere um som estrondoso e no último volume, o Stereophonics aposta nas entrelinhas de uma musicalidade mais cadenciada e bem executada, reforçando por letras bem compostas, retratando as experiências de um jovem comum vivendo nos dias de hoje no outrora glorioso império Britânico. Além de conseguirem apresentar músicas mais consistentes o Stereophonics consegue tudo isso sem perder a garra que se espera de toda banda de rock. Isso está bem claro em faixas como a ótima Too Many Sandwiches, onde as guitarras ecoam ao fundo sem ofender ou machucar nossos tímpanos. Aqui o som pesado está a serviço de uma balada que deixaria um Paul McCartney orgulhoso. Enfim, o CD é essencial para quem quiser conhecer o melhor do movimento Britpop, mostrando a todos que se o Rock está em crise ao redor do mundo, certamente a apatia e a falta de talento ainda não atingiram as ilhas britânicas, pois o grande número de bandas inglesas, escocesas, irlandesas e galesas está aí para comprovar que o bravo Rock´n´Roll vive e vai mundo bem na terra da Rainha.
Stereophonics - Word Gets Around
1. A Thousand Trees
2. Looks Like Chaplin
3. More Life in a Tramps Vest
4. Local Boy in the Photograph
5. Traffic
6. Not Up To You
7. Check my Eyelids for Holes
8. Same Size Feet
9. Last of the Big Time Drinkers
10. Goldfish Bowl
11. Too Many Sandwiches
12. Billy Davey's Daughter
Pablo Aluísio.
sexta-feira, 18 de julho de 2025
Oasis - (What's the Story) Morning Glory?
O Oasis vai voltar! Essa semana os irmãos anunciaram oficialmente a volta da banda depois de muitos anos separada. Bem, como dizia ironicamente a Rita Lee, quando essas velhas bandas voltam só há duas coisas a explicar: Ou estavam sem dinheiro ou então tinham muita cara de pau. No caso do Oasis penso que foram as duas alternativas. Os irmãos passaram anos ofendendo uns aos outros, não havia qualquer possibilidade de volta, segundo eles, mas aí já sabe... Estão mais velhos, as carreiras solos nunca decolaram direito, então o jeito foi mesmo se curvar às circunstâncias. Engoliram o orgulho e decidiram voltar, só não se sabe até quando, porque ninguém nega que há muito ódio entre eles.
Pois bem, voltando no tempo que o Oasis era de fato um dos melhore grupos de rock (ou de Britpop, como queira) de seu tempo, temos esse segundo álbum da banda. Para muitos foi o melhor e definitivo trabalho deles. Também foi o que mais alcançou sucesso nas paradas e isso definitivamente é algo inegável. O complexo de Beatles estava em cada faixa, mas eles já começavam a trilhar caminhos próprios. É um disco que gosto muito, embora tenha que reconhecer que de fato o excesso de sucesso o tenha deixado um tanto saturado com o passar dos anos. De qualquer forma, para muita gente, esse é o álbum definitivo do Oasis para se ter na coleção, de todo jeito.
Oasis - (What's the Story) Morning Glory? (1999)
Hello
Roll with It
Wonderwall
Don't Look Back in Anger
Hey Now!
The Swamp Song, Excerpt
Some Might Say
Cast No Shadow
She's Electric
Morning Glory
The Swamp Song, Excerpt 2
Champagne Supernova
Pablo Aluísio.
terça-feira, 15 de julho de 2025
Nirvana - Bleach
Esse é o primeiro álbum da carreira do Nirvana, a banda que revelou para o mundo o talento de Kurt Cobain. O cantor e compositor já mostra em seu primeiro disco toda a essência de sua obra musical: arranjos crus, com letras pessimistas e suicidas, com pique de apresentação ao vivo. Kurt gostou do resultado final de seu primeiro disco mas ficou com muita raiva do selo Sub Pop que nada fez para divulgar o som do grupo fora do pequeno circuito de cidadezinhas ao redor de Seattle no frio, feio e distante Estado de Washington – o berço do chamado movimento Grunge, essa nova linguagem musical que faria a cabeça dos jovens roqueiros na década de 1990. Não há grandes hits na seleção musical. Apenas “About a Girl” segue mais conhecida. As letras foram praticamente todas compostas enquanto Kurt Cobain vivia uma existência simplesmente caótica. Após sair de casa o cantor passou a vagar pela cidade, indo de casa em casa, dormindo de favor na casa de conhecidos e amigos, dormindo pelas ruas ou até mesmo debaixo da ponte. Essa vida errática e pobreza extrema talvez justifiquem as palavras de um irritado DJ de Seattle que após insistentes pedidos para tocar o Nirvana definiu sem piedade Kurt Cobain como um “mendigo de guitarra”!
A verdade porém era outra. Kurt adotou como lema em sua vida a máxima que afirmava que “Punk é liberdade!”. Coisas materiais não faziam sua cabeça nessa fase de sua vida. Ele pouco se importava com roupas, carros e outros bens que faziam a cabeça dos jovens de sua idade. Na verdade ele estava mais preocupado em vencer na carreira musical, até porque esse parecia ser seu único talento na vida. Kurt havia abandonado a escola, vagava de antro em antro e levava uma existência sem muito propósito. Para piorar começou a abusar de drogas pesadas como heroína, que dizia usar para aliviar uma dor de estomago que o deixava louco e muito deprimido. Quando o Nirvana gravou Bleach, Kurt estava muito longe dos anos de glória que viriam com o disco seguinte, “Nevermind”, esse sim um grande sucesso de vendas. Vivendo pelas ruas ou então sendo despejado de um apartamento vagabundo atrás do outro, Kurt foi compondo as canções que fazem parte desse CD. Diante dessa situação não me admira em nada o tom pessimista ao extremo da maioria das letras. Era uma catarse pois Cobain despejava suas frustrações, decepções e medos em suas letras que eram extremamente autorais e viscerais. Agora o curioso é que Bleach pode ter sido gerado e concebido no meio desse caos mas analisando friamente é um álbum bem tocado, bem executado. O som da banda soa muito redondinho e bem gravado, o que contradiz de certa forma o próprio Kurt que achava que um verdadeiro disco punk deveria ser o mais pessimamente tocado e gravado. Bleach é o extremo oposto disso. Como não poderia deixar de ser o disco foi um fiasco de vendas em seu lançamento e de fato só venderia bem mesmo após o Nirvana estourar com seu segundo álbum. No conjunto é uma excelente oportunidade para conhecer e entender o Kurt Cobain antes da fama e do sucesso – um cara desesperado tentando se expressar da única forma que sabia. O resultado é simplesmente excelente, sem fazer favor nenhum ao grupo. Não me admira em nada que o Nirvana tenha sido considerado o melhor grupo de rock dentro daquele movimento que nascia. Nada mal para um mero “mendigo de guitarras”!
Nirvana – Bleach (1989)
Blew
Floyd the Barber
About a Girl
School
Love Buzz
Paper Cuts
Negative Creep
Scoff
Swap Meet
Mr. Moustache
Sifting
Pablo Aluísio.
A verdade porém era outra. Kurt adotou como lema em sua vida a máxima que afirmava que “Punk é liberdade!”. Coisas materiais não faziam sua cabeça nessa fase de sua vida. Ele pouco se importava com roupas, carros e outros bens que faziam a cabeça dos jovens de sua idade. Na verdade ele estava mais preocupado em vencer na carreira musical, até porque esse parecia ser seu único talento na vida. Kurt havia abandonado a escola, vagava de antro em antro e levava uma existência sem muito propósito. Para piorar começou a abusar de drogas pesadas como heroína, que dizia usar para aliviar uma dor de estomago que o deixava louco e muito deprimido. Quando o Nirvana gravou Bleach, Kurt estava muito longe dos anos de glória que viriam com o disco seguinte, “Nevermind”, esse sim um grande sucesso de vendas. Vivendo pelas ruas ou então sendo despejado de um apartamento vagabundo atrás do outro, Kurt foi compondo as canções que fazem parte desse CD. Diante dessa situação não me admira em nada o tom pessimista ao extremo da maioria das letras. Era uma catarse pois Cobain despejava suas frustrações, decepções e medos em suas letras que eram extremamente autorais e viscerais. Agora o curioso é que Bleach pode ter sido gerado e concebido no meio desse caos mas analisando friamente é um álbum bem tocado, bem executado. O som da banda soa muito redondinho e bem gravado, o que contradiz de certa forma o próprio Kurt que achava que um verdadeiro disco punk deveria ser o mais pessimamente tocado e gravado. Bleach é o extremo oposto disso. Como não poderia deixar de ser o disco foi um fiasco de vendas em seu lançamento e de fato só venderia bem mesmo após o Nirvana estourar com seu segundo álbum. No conjunto é uma excelente oportunidade para conhecer e entender o Kurt Cobain antes da fama e do sucesso – um cara desesperado tentando se expressar da única forma que sabia. O resultado é simplesmente excelente, sem fazer favor nenhum ao grupo. Não me admira em nada que o Nirvana tenha sido considerado o melhor grupo de rock dentro daquele movimento que nascia. Nada mal para um mero “mendigo de guitarras”!
Nirvana – Bleach (1989)
Blew
Floyd the Barber
About a Girl
School
Love Buzz
Paper Cuts
Negative Creep
Scoff
Swap Meet
Mr. Moustache
Sifting
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