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sexta-feira, 22 de agosto de 2025

The Doors - Strange Days

The Doors - Strange Days
Gravado em oito canais no mês de agosto de 1967, no Sunset Sound Studios #1 (Hollywood, CA). Lançado oficialmente nos EUA no dia 25 de setembro de 1967. Produzido por Paul A. Rothchild. No mesmo ano em que haviam invadido os EUA com seu primeiro disco e com o single de grande sucesso Light My Fire, os Doors prepararam seu segundo trabalho, Strange Days. Dessa vez, contaram com equipamentos de alta tecnologia (para a época) e puderam realizar uma das primeiras gravações da história feitas a oito canais de áudio. Mesmo não tendo conseguido atingir o mesmo impacto que o disco The Doors causou na mídia, lançou canções de sucesso popular (People Are Strange e Love Me Two Times) e vários clássicos da banda (principalmente When the Music's Over), além de faixas pouco conhecidas, como You're Lost Little Girl e I Cant See Your Face In My Mind, que podem facilmente entrar na lista das melhores do grupo.

Apesar de manter o mesmo estilo que havia sido consagrado no disco de estreia, Strange Days tem menos influências de blues que seu antecessor, dando mais ênfase ao lado sombrio das composições, os "dias estranhos" do título e da capa. Mas, passando por cima de todos esses detalhes, "Strange Days" foi ganhando status ao longo do tempo e hoje é considerado pelos especialistas como o melhor disco da banda. O trabalho mais artístico dos Doors, sem dúvida. Começando pela capa, em estilo nitidamente europeu, pelo som que se tornou único dentro da história do conjunto e pelo conteúdo das letras, que ficaram mais elaboradas do que nunca. Jim considerava "Strange Days" o ponto alto da discografia do quarteto, tanto que sempre o utilizava como paradigma em relação aos outros discos. A ideia da capa circense, inclusive, foi sugestão do próprio cantor que não queria aparecer novamente ao lado de seus colegas de banda, como ocorreu no disco de estreia. Mas a ideia do circo europeu com malabaristas, artistas e cartomantes, foi na verdade a segunda ideia de Jim. A primeira? Morrison queria que os Doors fossem cercados por trinta cães. Quando perguntado de onde ele tinha tirado uma ideia tão surreal, Jim respondeu que tudo seria uma metáfora, pois cão (dog) é o inverso de Deus (God)! Vai entender...

Singles nas lojas:

People Are Strange / Unhappy Girl - Em Setembro de 1967 os Doors lançaram este primeiro single extraído de "Strange Days". O Lado A é o ponto forte com uma canção que entraria definitivamente na história do grupo. Na realidade "People Are Strange" já havia sido composta há muito tempo, antes mesmo até do grupo se formar. Só ficou fora do disco de estreia por pura falta de espaço. Melhor assim. Aqui ele ganhou o veículo perfeito para sair das trevas dos arquivos dos Doors. A canção do Lado B não acompanha o alto nível artístico do lado A. Mas também não faz feio. Cumpre tabela.

Love Me Two Times / Moonlight Drive - Dois meses depois do primeiro single chegar nas lojas, em novembro de 1967, os Doors invadem novamente as lojas com esse segundo single. A ordem das músicas deveria ter sido invertida, porque sem dúvida, "Moonlight Drive" é bem superior que "Love Me Two Times", essa apenas uma música feita para tocar nas rádios. De certa forma o tempo fez justiça, pois "Moonlight Drive" é uma das mais conhecidas músicas dos Doors e sua parceira de single caiu na vala comum do anonimato. Com um lado excepcional e o outro apenas regular, esse single leva uma nota sete por seu valor musical e passa por média.

Strange Days
E então chegamos em "Strange Days", um dos álbuns mais marcantes do grupo. Foi o segundo dos Doors no selo Elektra Records. Também foi um dos mais esperados, por causa da grande repercussão do primeiro disco. Jim Morrison deu esse título ao álbum porque em sua opinião aqueles dias em que os Doors começaram a fazer sucesso foram dias estranhos. Afinal em poucas semanas Jim passou de um perfeito estranho que perambulava pela Venice Beach a um superstar internacional. Eram dias loucos em sua opinião.

Foi também uma mudança de conceito da banda, a começar pela capa. Jim não havia gostado da capa do primeiro disco. Para ele era algo vulgar demais colocar apenas a foto dos membros do conjunto. Por isso ele mandou que se fizesse algo mais artístico, diria até circense. Para a sorte dos Doors um grupo de artistas de circo foram encontrados nos arredores de Los Angeles. São eles que estão na capa do disco, em poses de picadeiro. Também eram bem representativos desse mundo, com o homem de super força, o anão e a cartomante. Além é claro do malabarista. Tudo o que Jim queria!

"Strange Days" foi muito bem recebido pela crítica. Os Doors que não se enquadravam em estilo nenhum, davam mais um passo rumo a uma identidade musical bem própria. Além disso Jim ainda era jovem e seu apelo sexual junto às fãs mais jovens garantia shows lotados, concertos com ingressos esgotados e bons números de vendas de cópias de seus discos nas lojas. Tudo correndo muito bem para eles naquela fase de sua carreira. Os monstros interiores de Morrison ainda não tinham se revelado para o público.

Pablo Aluísio

sábado, 24 de maio de 2025

The Doors - The Doors (1967)

The Doors (1967) - Gravado em quatro canais no mês de agosto de 1966, no Sunset Sound Studios #1 (em Hollywood, CA), lançado oficialmente nos EUA no dia 4 de janeiro de 1967 e produzido por Paul A. Rothchil. Com o estouro de Light My Fire em todo os EUA, o produtor Paul Rothchild, um dos mais conceituados profissionais da Elektra Records, costumava dizer que criou um sucesso em apenas uma semana. E foi isso mesmo. Assim que assinaram com a gravadora, no final de 66, os Doors logo entraram em estúdio e em meros seis dias (com um fim de semana de intervalo) gravaram seu disco de estreia. As músicas escolhidas já faziam parte do repertório que a banda vinha tocando em bares na Califórnia durante um ano inteiro, alternando-se entre composições de autoria própria (apesar de serem todas compostas por Morrison e Krieger, a banda inteira levava o crédito no encarte) e covers (Alabama Song, de Kurt Weill e Bertold Brecht, e Back Door Man, de Willie Dixon).

A sonoridade pode ser descrita como um blues urbano e sombrio, misturando influências da música negra e de elementos totalmente novos no mundo da música pop. Sucesso de público (transformou-se logo em disco de ouro) e muito elogiado pela crítica, o álbum se tornou um dos maiores clássicos da história do rock e colocou Jim Morrison e os Doors entre os maiores ícones pop do século. Este é o primeiro disco da carreira dos Doors. O normal é que todo disco de estreia de qualquer grupo seja pouco ousado, em que os músicos ainda estejam procurando seu próprio caminho, em suma o normal é que o disco de lançamento de qualquer grupo iniciante seja produto de uma fase de experimentação, de inexperiência. Esqueça isso em relação aos Doors. Que banda de Rock coloca uma música como "The End" logo de cara em seu debut musical? Até os Beatles levaram um tempo para deixar a fase "menudos dos anos 60". Sö evoluíram depois, quando deixaram as "musiquinhas idiotas de amor" (como o próprio Lennon se referia, quando falava da primeira fase do conjunto).

Com os Doors isso não aconteceu, eles já começaram detonando meio mundo, colocando por terra qualquer conformismo ou lugar comum melódico. O disco é uma tijolada no cenário rock da época. Um crítico disse que "Gosto dos demais grupos porque entendo o que eles dizem, com os Doors isso não acontece, quem pode entender o que Jim está querendo transmitir?" Pois é, sem dúvida Jim e banda era por demais avançado para a época, e o mais importante eles colocaram as cabecinhas ocas das adolescentes que gritavam pelos Beatles para funcionar! O negócio de Jim era esse: "Pense". Eles surgiram no momento em que os Estados Unidos e o mundo já haviam perdido a inocência. A guerra do Vietnã estava no ar e os Doors eram ouvidos no sudeste asiático pelas tropas americanas aquarteladas no fim do mundo. "Os Doors foram a trilha sonora do Vietnã" disse depois o diretor Oliver Stone. Talvez por isso a guerra tenha ido pelo ralo.

Os Doors fazem pensar, o que definitivamente está fora de cogitação para os militares, que querem que seus soldados sejam simples máquinas idiotas de matar. Então o grupo veio e rompeu com tudo, inclusive com a pasmaceira reinante. Em suma, os Doors foram definitivamente (desculpe a referência por demais óbvia) aqueles que arrombaram as portas da caretice e do marasmo musical do final dos anos 60, que trouxeram novos valores ao asséptico mundo WASP dos EUA. Os Doors cresceram rápido, até porque eles não teriam tempo! Em apenas cinco anos o grupo jogou para o alto qualquer mesmice musical. Fico imaginando em que grupo eles teriam se transformado se tivessem pelo menos mais 10 anos de carreira pela frente. Teriam tirado os Beatles do trono de "banda mais importante da história do rock" ou teriam se tornados "vovôs ridículos posando de adolescentes imaturos" como os Rolling Stones? Esqueça. Filosofia é para Jim Morrison. Não cometerei nenhuma heresia em um site feito para homenagear "A mais inteligente banda de rock da história", o que já é um respeitável título.

 
Singles nas Lojas:

Break On Through (To The Other Side) / End Of The Night: Misture filosofia francesa, pitadas de existencialismo, culto à morte, alucinações psicodélicas e o que você tem? Ora, o primeiro single dos Doors, um dos mais revolucionários e transgressores da história do rock americano. Você só tem a noção exata da singularidade deste single se ouvir outras bandas e artistas americanos da época. Tente comparar essa música com The Mamas and The Papas, por exemplo. São dois mundos completamente diferentes, Jim e os caras da banda parecem ter chegado de Marte! A distância da essência dos Doors e de outros grupos é abissal. Não dá para comparar. Por isso houve tanto rebuliço nos States. Jim literalmente rompeu com o cenário musical da época e fez algo totalmente novo. Por isso tentar classificar e enquadrar o grupo em alguma tendência é bobagem, simplesmente são únicos, sem ninguém parecido por perto. Jim foi nessas canções o que John Lennon gostaria de ter sido, se tivesse uma formação educacional mais sólida, porque ninguém mistura tantas coisas diferentes e relevantes em um só caldo e se sai bem. Tem que ter embasamento intelectual e isso o rei lagarto tinha de sobra. As músicas? Nem vou comentar, tire suas próprias conclusões. Esse aliás sempre foi o recado por trás das músicas dos Doors: "Pense por si mesmo".

Light My Fire / The Crystal Ship: Um dos grandes sucessos da carreira dos Doors, senão o maior. Primeiro houve muita surpresa por parte das rádios americanas pela duração da música. Nos anos 60 uma canção tinha que ter no máximo três minutos e aí chega os Doors e chutam o balde, lançando uma que durava a eternidade (mais de 7 minutos!). Como tocar um troço desses? Mas não teve jeito, eles tiveram que se curvar e colocar a versão completa nos dials. O produtor do grupo ainda fez uma versão menor (abominada por Jim) para que as estações mais comerciais (e mais idiotas) pudessem tocar o sucesso dos Doors. Depois o sacrilégio: Atrás de uma grana fácil os três (fora Jim) venderam os direitos de "Light My Fire" para tocar como jingle no lançamento de um novo carro, o Buick. Jim, é claro, ficou puto da vida e detonou uma TV nos estúdios quando soube! (Essa cena está presente no filme de Oliver Stone). O conjunto estava se tornando justamente aquilo que Jim mais odiava: mero produto descartável da indústria automobilística. Que droga! Bad Trip!

Pablo Aluísio